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Economia tem pior tombo em mais de um ano, com agro mais fraco e sem alta em serviços, diz FGV

economia brasileira em abril teve queda de 1,2% na leitura do Monitor do PIB, indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV) que mensura ritmo mensal da atividade econômica. Foi o pior resultado para o indicador desde janeiro de 2022 (-1,9%), e influenciado por agropecuária menos pujante, no período; e ausência de expansão em serviços, explicou Claudio Considera, responsável pelo indicador e coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do (NCN) do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Para o técnico, o resultado sinaliza que “podem ter sido muito otimistas” as revisões, para cima do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, feitas pelo mercado após divulgação do aumento de 1,9% da economia no primeiro trimestre, ante quarto trimestre de 2022. Esse aumento foi o mais forte desde quarto trimestre de 2020 (3,4%).

No boletim Focus desta semana, do Banco Central (BC), a estimativa de mercado para expansão do PIB brasileiro em 2023 subiu de 1,84% para 2,14%. Na mais recente edição do Boletim Macro do FGV/Ibre, a projeção de aumento do PIB está em 0,8% para esse ano.

“O que ocorreu é que tivemos um primeiro trimestre muito forte, principalmente março, por conta da agropecuária”, afirmou o especialista. A atividade agropecuária subiu 21,6% no primeiro trimestre desse ano, ante quarto trimestre de 2022, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996 (23,4%). “Mas isso é por conta de safra de soja”, acrescentou ele, a frisar que a colheita do produto, que representa praticamente metade da safra de grãos do país, compreende apenas os primeiros meses do ano. “O efeito direto do agro, na economia, termina no segundo trimestre praticamente”, comentou.

No Monitor do PIB, também foi percebida menor influência benéfica da agropecuária, na economia em abril, na margem. No indicador da FGV, essa atividade caiu 0,2% ante março, embora continue a avançar em outras comparações. Em abril desse ano, a agropecuária cresceu 22,8% ante abril de 2022, com alta de 21,8% no trimestre finalizado em abril, ante mesmo período do ano passado. Na evolução trimestral do PIB completo, dentro do Monitor do PIB, a economia brasileira como um todo também continua a apresentar resultados favoráveis. No trimestre encerrado em abril, que leva em conta primeiros meses do ano beneficiados pela agropecuária em alta, o PIB subiu 3,8% ante mesmo trimestre em 2022. No acumulado em 12 meses até abril, a economia sobe 3,2%, no indicador da fundação. Mas, tanto no caso da agropecuária, quanto no resultado completo do PIB no Monitor, são períodos comparativos que levam em conta os primeiros meses do ano, ainda beneficiados pela agricultura, notou Considera.

Outro aspecto que não ajudou a compor resultado favorável no Monitor do PIB de abril foi a ausência de reação em serviços, que representam quase 70% da atividade econômica brasileira. No indicador da fundação, serviços ficou estável (0,0%) em abril ante março, afirmou Considera. “Serviços estava positivo e agora está ‘zero’” afirmou o técnico, frisando que, dada a importância do setor no cálculo do PIB, o fato de ele ter deixado de subir, em abril, afeta o resultado do indicador.

Ao mesmo tempo, o especialista alertou novamente para a continuidade de performance fraca da evolução dos investimentos na economia. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 3% em abril ante março, no Monitor. “A falta de reação de investimentos não ajuda. Tivemos projetado uma taxa de investimento de 16,6% [do total do PIB]. É muito baixa”, afirmou.

Por outro lado, no Monitor, o consumo das famílias cresceu 1% em abril ante março. Mas para o técnico isso não é suficiente. Para ele, é preciso reação mais forte em investimentos, que possam produzir um ciclo virtuoso de mais recursos a movimentar a atividade, a prover emprego, renda de forma mais sustentável. “Não se como vai se sustentar por muito tempo uma economia que cresce baseada apenas em consumo”, avaliou ele.

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