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Eleitores nos EUA dizem sentir nojo de classe política

O celular da contadora Whitney Smith, 35, vibrou ao receber uma mensagem de texto da mãe dela, alertando-a sobre a mais recente bagunça em Washington: “Ultradireita destituiu o presidente da Câmara. Caos total.”

Smith, que não é afiliada a nenhum partido segundo o seu cadastro eleitoral, não queria nada a ver com isso. Moradora de um subúrbio em Phoenix, no Arizona, ela conta que tenta se envolver na vida cívica votando, atuando como voluntária em projetos locais e participando das assembleias comunitárias de sua cidade.

Mas o pandemônio de uma paralisação do governo evitada por pouco e de um golpe na liderança da Câmara confirmou os sentimentos mais cínicos dela —e de muitos americanos— em relação ao governo federal. “Pensei: ‘Senhor, e agora?'”, diz Smith.

Reclamar de política é um passatempo tradicional nos Estados Unidos, mas ultimamente, o humor político do país tem caído para alguns dos piores níveis registrados. Depois de enfrentar o tumulto da presidência de Donald Trump, uma pandemia, a insurreição no Capitólio, inflação, várias tentativas de impeachment presidenciais e as onipresentes mentiras dos republicanos de ultradireita sobre a suposta fraude das eleições de 2020, os eleitores dizem que se sentem cansados e irritados.

Em dezenas de entrevistas recentes em todo o país, eleitores jovens e idosos expressaram grande pessimismo em relação à próxima eleição presidencial. O sentimento transcende não só as linhas partidárias como também a crença já incerta nas instituições políticas.

A Casa Branca e o Congresso têm injetado bilhões de dólares para consertar e melhorar estradas, portos, oleodutos e a rede de internet do país. Os Poderes aprovaram centenas de bilhões para combater as mudanças climáticas e reduzir o custo dos medicamentos com receita. O presidente Joe Biden cancelou bilhões a mais das dívidas estudantis.

Essas conquistas não foram, porém, totalmente reconhecidas pelos eleitores. Um pequeno grupo de republicanos de ultradireita levou o governo à beira de uma paralisação e depois mergulhou o Congresso no caos quando impulsionou a votação que, com o apoio dos democratas, derrubou o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, republicano da Califórnia.

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