NFL: “panela” de Aaron Rodgers é aposta dos Jets em AFC pesada

Há três anos, Tom Brady trocava o New England Patriots e revivia sua carreira no Tampa Bay Buccaneers. Em 2023-24, outro veterano aposta numa mudança de ares para dar a volta por cima após uma temporada abaixo da média. Aaron Rodgers, quatro vezes eleito Jogador Mais Valioso (MVP) da NFL, deixou o Green Bay Packers em negociação com o New York Jets e levou sua “patota” para buscar novamente um Super Bowl, que não alcança desde 2010-11. A dúvida, contudo, é se isso será suficiente para passar por uma conferência fortíssima.

Aaron Rodgers com o uniforme do New York Jets: após 18 anos com os Packers, quarterback tem nova casa — Foto: Mike Stobe/Getty Images

Time escolhido a dedo

“ARod” é tido como um dos melhores quarterbacks de todos os tempos e chegou a rivalizar com Brady pelo posto de melhor jogador da NFL. Contudo, derrotas seguidas nos playoffs e divergências quanto à formação do elenco azedaram sua relação com os Packers nos últimos anos. Hoje com 39 anos de idade, Rodgers ameaçou se aposentar e pediu uma troca, especificando os Jets como destino desejado

O time nova-iorquino não chega aos playoffs desde 2010-11 (mesmo ano em que Rodgers conquistou seu primeiro e único Super Bowl). No entanto, o jovem elenco comandado pelo treinador Robert Saleh mostrou muito potencial na última temporada. Apesar de uma campanha de sete vitórias e 10 derrotas, os Jets tiveram uma defesa de nível top 4 e os Novatos do Ano defensivo (o cornerback Sauce Gardner) e ofensivo (o wide receiver Garrett Wilson).

Assim como Brady fez em Tampa Bay, porém, Rodgers aproveitou para levar alguns amigos para reforçar o alviverde. O quarterback pediu os wide receivers Allen Lazard e Randall Cobb, dois companheiros dos tempos de Packers, e os Jets aceitaram. A franquia também trouxe Nathaniel Hackett para ser o coordenador ofensivo, mesma posição que ele ocupou em Green Bay nas duas últimas vezes que ARod foi MVP. Para completar a “panela”, o time contratou o running back Dalvin Cook, quatro vezes selecionado para o Pro Bowl, que havia sido dispensado pelo Minnesota Vikings.

O defensor Sauce Gardner (esq.) vem desenvolvendo boa química com Rodgers — Foto: Sarah Stier/Getty Images

Montanha grande para escalar

Apesar do elenco reforçado, os especialistas estão reticentes quanto as chances dos Jets. Primeiramente porque, apesar da mudança de ares, há dúvidas se Rodgers pode retomar a forma de MVP, ou se a última temporada foi um sinal do início de um declínio.

– O próprio Rogers há anos que não é um super quarterback. Muitos dizem que o problema ano passado era falta de motivação, mas o fato é que ele não foi nem de longe aquele jogador brilhante que ganhou o MVP duas vezes. Ele teve uma eficiência de apenas 40% sob pressão ano passado, mas a gente viu uma versão ruim de Rodgers no último ano do (Mike) McCarthy (ex-treinador dos Packers) e ele renasceu no começo com o (Matt) LaFleur (atual técnico em Green Bay). Só que agora ele tem 39 anos – pondera Fernando Kallás, correspondente da Reuters e narrador do NFL Game Pass.

Aaron Rodgers (12) e Allen Lazard (13) formaram boa parceria em Green Bay, mas tiveram temporada abaixo do esperado em 2022 — Foto: Larry Radloff/Icon Sportswire via Getty Images

O segundo fator é que, apesar do elenco promissor e reforçado, os Jets terão concorrência pesada na Conferência Americana (AFC). A começar pela sua divisão, a AFC Leste, que tem no Buffalo Bills um candidato ao Super Bowl e no Miami Dolphins um time de playoff na última temporada. No resto da conferência, está o Kansas City Chiefs, atual campeão do Super Bowl, e outras equipes fortes comandadas por quarterbacks de respeito, como Cincinnati Bengals, Baltimore Ravens, San Diego Chargers, Jacksonville Jaguars e Denver Broncos.

– A divisão é muito dura, ainda coloco Dolphins e Bills na frente pela amostragem do ano passado. Nós já sabemos que são times que conseguem competir entre os melhores da liga. O Jets precisa encontrar sua identidade nesse ano e, se as coisas clicarem rápido, quem sabe, essa equipe não consegue surpreender nos playoffs e chegar até a grande final. No entanto, não colocaria esse time no patamar de contender ao título ainda – analisou Raphael Martins, analista de conteúdo na NFL Brasil.