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Ano mais quente já registrado: veja os riscos do calor extremo para a saúde

O ano de 2023 foi confirmado como o mais quente já registrado, segundo informações do relatório do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), a agência europeia do clima, divulgado nesta terça-feira (9). Os cientistas constataram que mais de 50% dos dias de 2023 estiveram 1,5ºC acima dos níveis de 1850-1900, o período pré-industrial, o que é considerado acima do limiar de perigo para extremos climáticos. E é dado como certo que 2024 será ainda mais tórrido, com recordes de temperatura manifestados em extremos climáticos.

Além dos extremos climáticos, como tempestades, ondas de calor e de frio fora de época, esse cenário alerta para os riscos associados ao calor. Os prejuízos ao organismo causados pelas altas temperaturas vão muito além do desconforto e começa quando a temperatura do ar supera a do corpo humano, de cerca de 36,5 graus Celsius.

No ano passado, diversas cidades brasileiras registraram temperaturas muito acima dessa, em muitos dias. Nestes casos, morrer de calor pode não ser figura de linguagem. Basta lembrar do lamentável caso da morte da estudante Ana Benevides, após passar mal durante o show da cantora Taylor Swift.

O calor adoece e mata de diferentes formas. Um estudo do grupo de Camilo Mora, da Universidade do Havaí, lista 27 formas pelas quais ele pode ser fatal. São cinco mecanismos fisiológicos podem ser deflagrados pela temperatura elevada: isquemia (redução ou interrupção da irrigação sanguínea), citotoxidade (envenenamento das células), inflamação, coagulação intravascular disseminada (formação de trombos que podem destruir órgãos) e rabdomiólise (síndrome causada pela destruição das fibras musculares).

A insolação é o problema mais preocupante associado à exposição ao calor extremo. Essa condição, considerada grave, é decorrente da incapacidade do corpo em controlar a própria temperatura. Os sintomas incluem: elevação da temperatura corporal, pele vermelha, quente e seca; dor de cabeça, tontura, náusea, confusão mental e, em casos extremos, perda de consciência.

Outro problema comum é a desidratação, causada pela perda significativa de água e eletrólitos, o que é frequente em situações de calor intenso e suor excessivo. Sinais como sede extrema, boca seca, urina de cor escura, fadiga e tontura são indicativos dessa condição.

Outra condição é a exaustão pelo calor, resultante da perda de água e sal e inclui sintomas como fraqueza, dor de cabeça, náusea e tontura.

Além desses quadros causados especificamente pelo calor, as altas temperaturas agravam doenças pré-existentes. O calor pode impactar gravemente sete órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.

Estudos feitos pelo grupo de Paulo Saldiva, professor titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), especialista no impacto do meio ambiente sobre a saúde, mostram que o calor eleva o risco de crises de epilepsia, por exemplo.

Pessoas com doenças cardiovasculares também correm maior risco. O aumento da temperatura corporal provoca vasodilatação, causando queda abrupta e intensa de pressão arterial. Além disso, exige que o coração bombeie sangue rapidamente. Entre os eventos prováveis que podem resultar da sobrecarga estão infarto e, em última instância, colapso cardíaco e morte.

Acima de 39ºC, 40ºC, enzimas fundamentais para o metabolismo sofrem uma queda abrupta na velocidade das reações químicas necessárias à vida. O corpo começa a parar, de quebrar proteínas e açúcares para obter nutrientes e energia.

A tolerância ao calor varia de um indivíduo para outro e também do seu entorno. Embora o calor seco seja terrível, a umidade é ainda pior. Ela impede que o suor evapore e regule a temperatura.

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