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Caso Caio Paulista revive chapéus e rivalidade entre Palmeiras e São Paulo

Oberdan Cattani foi goleiro do Palmeiras em campanhas de quatro titulos paulistas do Palmeiras na década de 1940, período em que o São Paulo tinha Leônidas da Silva e conquistou outros cinco estaduais. Morreu em 2014, repetindo um mantra: “O Corinthians é adversário, o São Paulo é inimigo.”

Referia-se à suposição de que o Tricolor teria tentado tomar o Parque Antarctica do Palestra, durante a Segunda Guerra Mundial, mas também à relação tensa, de tempos em tempos, entre as diretorias dos clubes das zonas oeste e sul da capital paulista.

Especialmente reforçada, com trocas de acusações, quando jogadores mudam de lado no Choque-Rei. “O choro é livre”, declarou o então presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, em 2014, em resposta às declarações do colega palmeirense, Paulo Nobre, sobre a contratação do atacante Alan Kardec pelo Tricolor, em meio às conversas por renovação contratual no Parque Antarctica.

Na década de 1990, foi o São Paulo quem se queixou de o Palmeiras faltar com ética nas transferências de Antônio Carlos e Cafu. Primeiro, a direção alviverde foi acusada de usar o Albacete, da Espanha, como ponte, para não evidenciar o assédio ao zagueiro central. Campeão da Libertadores de 1992, Antônio Carlos passou os seis meses seguintes na Espanha, antes de voltar ao Brasil, para jogar pelo Palmeiras onde ganhou os Paulistas e Brasileiros de 1993 e 1994.

O caso provocou a criação de uma cláusula na venda de Cafu ao Zaragoza, em 1994. Em caso de retorno ao Brasil, Cafu não poderia ser vendido diretamente ao Palmeiras.

Não foi. A diretoria da Parmalat pagou caro pela compra e fez Cafu atuar por dois jogos pelo Juventude, também patrocinado pela multinacional italiana, apenas para não burlar o contrato. No Palmeiras, Cafu ganhou o Paulista de 1996.

A vingança viria na semana da decisão da Copa do Brasil, também de 1996. Revelado no Morumbi, o atacante Muller atuou de modo exuberante por um ano, no Parque Antarctica. Seu acordo terminaria depois da primeira partida das finais da Copa do Brasil, antes da finalíssima contra o Cruzeiro. Em meio às conversas pela renovação, Muller foi abordado pelo São Paulo e aceitou o retorno, para sua terceira passagem pelo Morumbi.

Sem Muller na decisão, o Palmeiras foi derrotado pelo Cruzeiro por 2×1. Naquela semana, a explosão da notícia causou rebuliço e uma das grandes gafes do folclore do jornalismo esportivo.

Com a iminente chegada de Muller ao Tricolor, o apresentador do Jornal de Esportes da rádio Jovem Pan, Wanderlei Nogueira, questionou o repórter setorista do Centro de Treinamento da Barra Funda se o São Paulo já anunciara oficialmente seu novo atacante. Ao que o repórter respondeu: “Olha, Wanderlei… Aqui no São Paulo, ainda não é possível conjugar o verbo já.”

Como se sabe, já é advérbio, não é verbo.

Na Academia de Futebol, atualmente o correto é usar outro advérbio, a respeito de Caio Paulista: ainda. Caio será anunciado pelo Palmeiras depois de 31 de dezembro, data do fim de seu vínculo com o São Paulo.

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