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Economia dita reaproximação tática dos EUA com a China

As duas maiores economias do mundo vivem o mais agudo momento de disputa estratégica desde que os EUA abriram as portas para a integração da China ao sistema produtivo global, ao longo dos anos 1970.

Por óbvio, os americanos não o fizeram porque são bonzinhos. O acesso à mão de obra quase gratuita chinesa e a um mercado potencial de mais de um bilhão de pessoas, além da necessidade geopolítica de contrabalançar o peso da então União Soviética na Ásia, moveram suas decisões.

Mas o gênio saiu da garrafa e, desde os anos 2000, passou a tomar feições de assombração. A chegada do ambicioso Xi Jinping ao poder, em 2012, e a consolidação de um regime mais duro, personalista e assertivo foi consequência da musculatura assumida por Pequim em seus anos de milagre econômico.

A Guerra Fria 2.0 foi lançada primordialmente como disputa comercial por Donald Trump em 2017, com a implantação de tarifas pesadas visando a coibir o déficit na relação com os chineses. Depois, virou um embate em todos os aspectos do século 21, da liberdade política de Hong Kong à Guerra da Ucrânia.

Joe Biden, no papel de um antípoda de Trump, só acelerou o processo e apresentou um leque de ações provocativas aos olhos dos chineses: reforçou o apoio à ilha autônoma de Taiwan, robusteceu a aliança Quad com os rivais de Pequim no Indo-Pacífico, firmou um pacto militar com a Austrália e reforçou a retórica nuclear na península coreana. Nesta semana, recebe com pompa o indiano Narendra Modi.

Geopolítica começa com leitura de mapas. Basta ver quem são os aliados em questão (Japão, Índia e Austrália) para notar que tudo tem a ver com manter Pequim sob pressão: suas rotas marítimas, vitais para sua existência, são vulneráveis, e sua projeção de poder militar sobre elas, limitada.

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