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Itália se despede de Berlusconi em dia de luto polêmico no país

O ex-premiê italiano Silvio Berlusconi continua dividindo seu país mesmo após a morte. Uma decisão do governo, que inclui seu ex-partido, de homenageá-lo com um dia nacional de luto nesta quarta-feira (14) gerou polêmica.

Berlusconi morreu na segunda-feira (12) aos 86 anos. Seu funeral de Estado, que acontecerá na tarde de hoje na Catedral de Milão, deve atrair milhares de pessoas, incluindo líderes políticos e autoridades estrangeiras.

Alguns políticos da oposição italiana, incluindo o ex-premiê Giuseppe Conte, recusaram-se a comparecer à cerimônia, enquanto a ex-ministra de centro-esquerda Rosy Bindi disse que uma “santificação inadequada” estava ocorrendo.

Ex-premiês italianos já receberam funerais de Estado no passado, mas esta é a primeira vez que se estabelece um dia nacional de luto, uma honraria sem precedentes, que cabe ao governo declarar.

A Itália é governada por uma coalizão de direita formada pelos partidos Irmãos da Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni; a Liga, de Matteo Salvini e o partido de Berlusconi, Força Itália.

O dia de luto não é feriado, mas sim uma homenagem simbólica em que bandeiras são hasteadas a meio mastro em prédios públicos. O Parlamento Europeu também decidiu prestar homenagens desta forma.

Rosy Bindi, uma mulher frequentemente difamada pelas piadas sexistas de Berlusconi, disse que o dia nacional foi “desrespeitoso com a maioria” dos italianos que se opõem ao falecido líder.

Líder controverso

Berlusconi foi uma figura altamente controversa que inspirou outros empresários que se tornaram políticos, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, com uma carreira pontuada por escândalos e processos judiciais.

Em Milão, coroas de flores foram empilhadas na fachada da catedral da cidade antes do funeral, enquanto telas gigantes foram instaladas para permitir que as pessoas acompanhem da praça.

Entre elas estava Lucia Adiele, membro do Força Itália que viajou quase 1 mil quilômetros de sua casa em Altamura, no Sul da Itália, para se despedir de seu político favorito.

“Tive a sorte de fazer parte do Força Itália por 18 anos. Também tive a sorte de conhecê-lo. O mínimo que podia fazer era estar aqui e dizer adeus pela última vez”, disse ela à Reuters TV.

Espera-se que cerca de 2,3 mil pessoas estejam na catedral, incluindo Meloni, o presidente Sergio Mattarella e a líder do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, Elly Schlein.

A atividade parlamentar foi suspensa nesta quarta-feira para permitir que os políticos participem da cerimônia.

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