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San Marcelo, cineasta paraense, assina novo documentário sobre o criador da lambada, Manoel Cordeiro

Os ritmos do Pará alcançam o Brasil e o mundo. A cultura musical do estado inspira artistas e o público, mas o audiovisual não fica de fora dessa influência. Quem produz cinema acreditando na potência criativa e histórica da região é San Marcelo, cineasta paraense de Bragança, no interior do estado.

Entre os muitos trabalhos de San que chegam às telas, é dele e de Cícero Pedrosa Neto a direção do curta “Luz do Mundo”, que pode ser visto no https://www.youtube.com/watch?v=9tY25di-jgU&feature=youtu.be, prestes a se tornar longa-metragem, sobre o cantor e compositor Manoel Cordeiro, conhecido como o “pai da lambada”.

— “Luz do mundo” será um recorte da vida e obra do mestre Manoel Cordeiro. O projeto está em pré-produção, numa fase de pesquisa e fechamento do pré-roteiro, com possibilidades de filmagens entre maio e junho. A princípio, filmaremos em Belém, Marajó, São Paulo, Amapá e possivelmente no Nordeste. A proposta é um filme antropológico, poético e musical, e não fecharmos a história de Manoel em 90 minutos, até por que não é possível — explica o diretor.

Como curta, “Luz do mundo” foi exibido no 9º Santos FilmFest, na VI Mostra SESC de Cinema e no 46º Festival Guarnicê de Cinema, em 2023. A première do projeto aconteceu em 10 de outubro do mesmo ano, e contou com presenças ilustres como a da atriz Dira Paes e o cantor e compositor Vital Lima, de Belém. A música, além de tema predominante nas produções sobre Manoel, também foi responsável pelas conexões iniciais que tornaram o curta possível.

— A produção nasceu de um encontro proporcionado pelo cantor e compositor Allex Ribeiro, um amigo em comum de Manoel e eu. Aceitamos o desafio, e conseguimos entregar uma obra que emocionou os espectadores com um compilado de depoimentos de artistas, todos com vidas atravessadas pela inquietude e pelo talento do Manoel Cordeiro, um mestre — conta San.

Em 2005, San percebeu que ele também poderia fazer parte da arte paraense. O diretor destaca projetos locais como grandes influências para a sua escolha do cinema e verdadeiras escolas, onde adquiriu o conhecimento necessário para se tornar o realizador audiovisual que é hoje.

— Eu sempre destaco essa virada na minha vida, quando participei do circuito de oficinas do projeto “Caravana da Imagem”, aqui mesmo em Bragança. Percebi que fazer cinema na Amazônia era uma possibilidade para mim. Em 2010, quando participo do projeto “Aluno Repórter – a imprensa na escola”, me aperfeiçoo em montagem de vídeo, e em 2014, faço meu primeiro filme, o documentário “Tons Bicentenários”. Já em 2019, realizo meu primeiro filme de ficção, “Assustado” — relembra o diretor.

Hoje, San é membro da ABRA – Associação Brasileira de Autores Roteiristas, e da Associação Brasileira de Cinematografia – ABC como Diretor de Fotografia. Ainda na ABC, o cineasta integra pelo segundo ano consecutivo a equipe de curadoria do Prêmio ABC, que prestigia os melhores trabalhos nas categorias técnicas de imagem e som.

“Assustado”, que fez parte da programação de carnaval de 2024 da Cinemateca Brasileira em São Paulo, pode ser considerado o pontapé de uma carreira com alcance nacional, mas que não perdeu o interesse pelos temas e motes regionais. Prova disso, além de “Luz do Mundo”, é o recente “Em Cantos do Gurupi”, disponível no https://www.youtube.com/watch?v=IV34uJ4du4E, que também tem o Pará como cenário.

— Filmamos na comunidade de São José do Gurupi, à margem do rio Gurupi que corta a divisa entre o Pará e o Maranhão. Mostramos as brincadeiras de roda e cantigas que, hoje, não são mais vividas por essa geração de crianças. O curta foi uma proposta da musicoterapeuta e compositora Judite Nascimento, com quem divido a direção dele — diz.

Em 2023, o curta-metragem documental garantiu prêmios como o de Melhor Filme da Mostra Samauma do CineAlter – Festival de Cinema Latino-americano de Alter do Chão, e os de Melhor Montagem e Melhor Trilha Sonora no 18º Festival Comunicurtas. A região Norte como um todo, para San, não fica para trás na grande sala de cinema chamada Brasil.

— O cinema paraense vem lutando e crescendo no espaço nacional, mas ainda há muitas barreiras a serem quebradas. O Norte mostrou a sua potência, principalmente nos últimos anos, no circuito de festivais nacionais e internacionais. Capacidade e talento, nós temos — afirma o cineasta.

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