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Assassinato de idoso em Viamão foi recado para neta dele, diz polícia; suspeitos são alvo de operação

A morte de um idoso em março deste ano, no bairro Jardim Universitário, em Viamão, na Região Metropolitana, intrigou a Polícia Civil. O homem, de 72 anos, sem nenhum antecedente criminal, foi assassinado com três tiros dentro de casa. Sobre um móvel, na residência, ao lado de onde o corpo foi encontrado, um porta-retratos com uma foto da neta da vítima tinha a marca de um tiro.

Um inquérito foi instaurado e o Departamento de Homicídios identificou suspeitos de ordenar o crime, de executá-lo e o motivo: a morte do idoso, inocente, era um recado para a neta dele. Segundo os agentes apuraram, os criminosos mataram o avô da jovem porque queriam que ela entregasse o paradeiro de uma amiga.

De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios de Porto Alegre, delegado Thiago Lacerda, esta amiga tinha envolvimento com o tráfico de drogas. Ela seria encarregada de guardar dinheiro para integrantes de uma facção, mas teria fugido com os valores.

Oito suspeitos do crime foram identificados. Eles também estariam envolvidos em outras ocorrências nos últimos meses: cinco assassinatos e três tentativas.

Nesta sexta-feira (26), Polícia Civil e Brigada Militar (BM) reuniram 160 agentes para cumprir 25 ordens judiciais de busca e oito de prisão em Viamão e na Capital. É a chamada Operação Anoxia, que conta com apoio de helicóptero.

Até as 9h30min, 14 suspeitos foram presos, alguns deles em flagrante. Segundo as autoridades, entre os detidos estão os dois apontados como executores do idoso. Uma arma, que seria a usada no crime, foi apreendida.

A ofensiva policial tem ações no chamado Campo da Tuca, no bairro Partenon, em Porto Alegre. Neste local, um carro que teria sido usado no homicídio do idoso foi apreendido.

Organização criminosa

Uma das ordens de prisão tem como alvo um suspeito que já se encontra no sistema prisional e é apontado como mandante de vários homicídios, incluindo o do idoso. Os demais procurados seriam integrantes de grupo criminoso que tem base em Porto Alegre, mas atua também em Viamão.

— Estamos realizando este trabalho para buscar mais provas, não só com as prisões para posteriores depoimentos, mas também relativo às buscas, como documentos e celulares, para esclarecer todos esses crimes. Mas outro objetivo da Operação Anoxia é literalmente saturar e asfixiar os locais onde este grupo atua — diz Lacerda.

Nos outros cinco homicídios pelos quais o mesmo grupo é investigado, as vítimas seriam pessoas relacionadas ao crime organizado: integrantes da facção que tiveram desavenças com líderes ou membros de grupos rivais.

 

O caso investigado

O caso que levou à operação desta sexta, a morte do idoso de 72 anos, aconteceu em 16 de março. De acordo com o apurado no inquérito, os criminosos tinham como alvo uma jovem. Como não a encontraram, mataram o avô dela. O diretor da Divisão de Homicídios de Porto Alegre, delegado Thiago Lacerda, diz que a jovem está em segurança e que os nomes dos envolvidos não são divulgados, para evitar colocá-la em risco.

— Em suma, a menina de Viamão, que estaria guardando o dinheiro da organização criminosa com base em Porto Alegre, teria consumido parte do valor em despesas próprias e não conseguiu repor. Por isso, resolveu fugir. Uma outra amiga dela, fato que apuramos, pode ter ajudado na fuga. Essa amiga não é a neta do idoso, é uma terceira jovem — relata Lacerda.

Portanto, a polícia concluiu que os traficantes procuravam as duas jovens que teriam fugido com dinheiro. Como não as encontraram, foram atrás da amiga delas, em busca de informações. Ela não informou o paradeiro das outras duas e, por isso, houve ordem para que ela fosse executada. O avô acabou morto para intimidá-la.

De acordo com o delegado Lacerda, dos oito suspeitos que são alvo da operação desta sexta, dois estão diretamente ligados à morte do idoso. Além disso, há cinco endereços ligados a eles que foram vasculhados pelos agentes após autorização do Poder Judiciário. Os nomes dos investigados não foram divulgados.

Criminoso do RJ

Durante o cumprimento dos mandados, nesta sexta, a polícia localizou um foragido. Ele foi preso no bairro Cascata, em Porto Alegre. A situação dele chamou atenção dos agentes e deve motivar investigação. O homem é do Rio de Janeiro e teria envolvimento com uma facção criminosa com base na Cidade de Deus e atuação no tráfico de drogas.

O diretor da Divisão de Homicídios de Porto Alegre, delegado Thiago Lacerda, estabeleceu duas hipóteses iniciais para a presença do foragido na capital gaúcha, que devem ser investigadas: ele poderia estar fugindo, por ser procurado pela polícia; ou poderia ter sido contratado por grupos criminosos gaúchos para atuar em execuções.

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