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Europeus e árabes debatem em Barcelona situação no Oriente Médio

Os chefes da diplomacia dos 27 membros da União Europeia (UE), de mais 15 países mediterrâneos e da Comissão Europeia debatem nesta segunda-feira (27) em Barcelona a situação no Oriente Médio. A Autoridade Palestina participa do encontro, que não tem a presença de Israel.

Trata-se do oitavo Fórum Regional da União pelo Mediterrâneo (UpM), um encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros. 

Israel e a Autoridade Palestina fazem parte da UpM, mas Tel Aviv cancelou na sexta-feira (24) a presença em Barcelona, depois de a agenda inicial do encontro ter sido alterada e incluído como ponto único “a situação crítica em Israel e em Gaza-Palestina, assim como as consequências na região”.

Tel Aviv disse que UpM deveria ser “uma plataforma prática para fomentar a cooperação entre diferentes países em benefício de todos os povos do Mediterrâneo”, mas corre agora “o risco de se transformar em outro fórum em que os países árabes criticam Israel”.

Esse boicote frustra o objetivo do governo espanhol, anfitrião dos fóruns da UpM, de fazer do encontro uma plataforma de diálogo e de aproximação entre Israel e os países árabes, incluindo a autoridades palestina.

A decisão de Israel de não estar em Barcelona coincidiu também com a visita do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, juntamente com o premiê da Bélgica, Alexander de Croo, na quinta e na sexta-feira, ao Oriente Médio. Eles fizeram declarações que o governo de Tel Aviv considerou de “apoio ao terrorismo” do Hamas.

Sánchez e de Croo condenaram o ataque a Israel, em 7 de outubro, do grupo islâmico radical Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e pediram a libertação dos reféns israelenses. Criticaram, no entanto, Israel pelo desrespeito ao direito internacional, “a matança indiscriminada de civis inocentes” palestinos e a “inaceitável destruição de Gaza” na operação militar das últimas semanas no território.

O Fórum Regional da UpM é copresidido pelo chefe da diplomacia da UE, o espanhol Josep Borrell, e pelo ministro da Jordânia Ayman Safadi, que disse no sábado que Israel “não quer falar nem ouvir”.

“Vemos Israel atacando todos os que não concordam com eles – o secretário-geral [das Nações Unidas] Guterres, [o chefe da diplomacia europeia] Josep Borrell -, qualquer pessoa que não esteja a subscrever a agressão israelense ou mesmo quem esteja a pedir um cessar-fogo”, disse Ayman Safadi, questionado pela Lusa após um encontro, em Amã, com os homólogos português, João Gomes Cravinho, e eslovena, Tanja Fajon, em Amã.

O encontro de hoje, segundo o ministro jordaniano, “vai permitir uma conversa franca e aberta, entre vizinhos e parceiros, sobre como terminar a guerra, responder ao impacto humanitário catastrófico” e debater como avançar para um plano de paz na região “de uma vez por todas”, acrescentou Ayman.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português considerou “oportunidade perdida” o boicote de Israel à reunião da UpM, mas defendeu que isso não deve impedir o aprofundamento do “diálogo com os países árabes” em relação “ao ponto de chegada com o qual todos concordam, que é a solução de dois Estados, que vivem lado a lado em paz e segurança”, disse à Lusa o chefe da diplomacia portuguesa, João Gomes Cravinho.

A solução de dois Estados [Israel e Palestina], sustentou, “é um objetivo que já não pode ser adiado”.

Fazem parte da UpM 43 países – os 27 da UE e mais 17 estados mediterrâneos da Europa, do Norte da África e do Oriente Médio, incluindo a Palestina, não reconhecido oficialmente como Estado por todos os restantes.

A UpM foi criada em 2008 e é herdeira da Conferência Euro-mediterrânea, fundada em 2015 e conhecida como “processo de Barcelona”, tendo como objetivo fomentar a cooperação na região.

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