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PGR diz que ‘interferência’ política na Abin sob Ramagem não foi ‘acontecimento avulso’

Na manifestação favorável ao pedido feito pela Polícia Federal para realizar busca e apreensão contra o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que a “interferência sobre procedimentos” na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) “não seria acontecimento avulso no período”.

A Polícia Federal relata à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma conversa em que uma assessora de Carlos Bolsonaro, Luciana Almeida, solictava do então diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, uma “ajuda” relacionada a um inquérito em andamento pela PF. Segundo a PF, o evento foi tratado como indicativo de que Ramagem era usado para obter informações sensíveis ou ações não esclarecidas.

De acordo com a PGR, a solicitação de ajuda se referia a investigações que envolveriam filhos do então presidente da República e dele próprio.

“A interferência sobre procedimentos não seria acontecimento avulso no período”, diz Gonet na manifestação assinada em 25 de janeiro.

Carlos, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo junto com outras três pessoas de uma operação da PF que apura indícios de um esquema de espionagem ilegal no órgão de inteligência durante o governo de Bolsonaro, sob a gestão de Ramagem (PL-RJ), hoje deputado federal. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o parecer da PGR, a represnetac’ão da PF “minudencia a decsoberta de impressão, pelo dr. Ramagem, em fevereiro de 2020, de informaçòes de inquéritos eleitorais em curso na PF que listavam políticos do Rio de Janeiro”.

Carlos é suspeito de ter sido um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina. O caso foi revelado pelo jornal O GLOBO em março do ano passado. Esta etapa da investigação tem como foco o núcleo político da suposta organização criminosa. Ramagem, que é figura próxima do vereador, é investigado e foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira da semana passada.

A PF informa que busca avançar sobre o núcleo político do suposto esquema, “identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”. “Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público”, informou.

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