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Polícia portuguesa apresenta queixa-crime contra autores de animação denunciando racismo sistêmico

A polícia portuguesa disse nesta segunda-feira que está tomando medidas legais contra os autores e a emissora de um desenho animado exibido na semana passada pelo canal público de televisão RTP, que denunciava o suposto racismo sistêmico nas forças de segurança.

O desenho mostra um policial branco atirando em alvos que representam pessoas com diferentes tons de pele. Quanto mais escuro o alvo, mais tiros o oficial dispara e mais furioso ele parece.

Em comunicado, a Polícia de Segurança Pública (PSP) disse que a animação era ofensiva, espalhava “fatos inverídicos” e punha em causa a credibilidade e o “prestígio” da força policial.

A PSP enviou provas ao Ministério Público, ao regulador dos meios de comunicação ERC e à comissão profissional de jornalistas, CCPJ, no âmbito de uma queixa-crime contra os autores do desenho animado e a emissora RTP.

O estúdio Spam Cartoon disse que a sua criação nada teve a ver com a PSP, mas sim com o recente homicídio de Nahel M., um jovem de 17 anos de ascendência argelina e marroquina, morto a tiros por um agente da polícia francesa.

A empresa disse também que vem recebendo ameaças por causa da animação.

Organizações nacionais e internacionais já manifestaram preocupação com a violência policial em Portugal.

Em abril deste ano, o Comitê da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial disse estar preocupado com as informações que indicavam o “uso excessivo e continuado da força por policiais” que era uma “prática profundamente enraizada contra pessoas descendentes de africanos”.

O ministro do Interior, José Luís Carneiro, que supervisiona as forças de segurança, falou à RTP para “manifestar desagrado” com a animação, mas o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse que os artistas devem ter liberdade editorial.

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